Agora já temos um número e um delegado responsável. É o inquérito 926
/ 2013, e será conduzido pelo delegado federal Rubens Lyra.
O chefe da Delegacia Fazendária da Polícia Federal do Rio de Janeiro,
Fabio Ricardo Ciavolih Mota, confirmou à comitiva do Barão de
Itararé-RJ que o visitou hoje: o inquérito policial contra os crimes
fiscais e financeiros da TV Globo, ocorridos em 2002, foi efetivamente
instaurado.
Os crimes financeiros da TV Globo nas Ilhas Virges Britânicas foram
identificados inicialmente por uma agência de cooperação internacional.
A
TV Globo usou uma empresa laranja para adquirir, sem pagar impostos, os
direitos de transmissão da Copa do Mundo de 2002.
A agência enviou sua descoberta ao Ministério Público do Brasil, que
por sua vez encaminhou o caso à Receita Federal.
Os auditores fiscais
fizeram uma apuração rigorosa e detectaram graves crimes contra o fisco,
aplicando cobrança de multas e juros que, somados à dívida fiscal,
totalizavam R$ 615 milhões em 2006.
Hoje esse valor já ultrapassa R$ 1
bilhão.
Em seguida, houve um agravante. Os documentos do processo foram
roubados.
Achou-se uma culpada, uma servidora da Receita, que foi presa,
mas, defendida por um dos escritórios de advocacia mais caros do país,
foi solta, após conseguir um habeas corpus de Gilmar Mendes.
Em países desenvolvidos, um caso desses estaria sendo investigado por
toda a grande imprensa. Aqui no Brasil, a imprensa se cala. Há um
silêncio bizarro sobre tudo que diz respeito à Globo, como se fosse um
tema tabu nos grandes meios de comunicação.
Um ministro comprar uma tapioca com cartão corporativo é manchete de
jornal.
Um caso cabeludo de sonegação de impostos, envolvendo mais de R$
1 bilhão, seguido do roubo do processo, é abafado por uma mídia que
parece ter perdido o bonde da história.
Nas “jornadas de junho”, um grito ecoou por todo o país. Foi talvez a
frase mais cantada pelos jovens que marchavam nas ruas: “A verdade é
dura, a Rede Globo apoiou a ditadura”.
A frase tem um sentido histórico. É como se a sociedade tivesse dito:
a democracia voltou; agora elegemos nossos presidentes, governadores e
prefeitos por voto direto; chegou a hora de acertar as contas com quem
nos traiu, com quem traiu a nossa democracia, e ajudou a criar os
obstáculos que impediram a juventude brasileira de ter vivido as
alegrias e liberdades dos anos 60 e 70.
O Brasil ainda deve isso a si mesmo. Este ano, faz cinquenta anos que
ocorreu um golpe de Estado, que instaurou um longo pesadelo totalitário
no país. A nossa mídia, contudo, que hoje se traveste de paladina dos
valores democráticos, esquece que foi justamente ela a principal
assassina dos valores democráticos.
E através de uma campanha sórdida e
mentirosa, que enganou milhões de brasileiros, descreveu o golpe de 64
como um movimento democrático, como uma volta à democracia!
A ditadura enriqueceu a Globo, transformou os Marinho na família mais
rica do país.
E mesmo assim, eles patrocinam esquemas mafiosos de
sonegação de imposto?
O caso da sonegação da Globo é emblemático, e deve ser usado como
exemplo didático. Se o Brasil quiser combater a corrupção, terá que
combater também a sonegação de impostos.
Se estamos numa democracia, a
família mais rica no país não pode ser tratada diferentemente de nenhuma
outra.
Se um brasileiro comum cometer uma fraude fiscal milionária e
for pego pela Receita, será preso sem piedade, e seu caso será exposto
publicamente.
Por que a Globo é diferente? A sonegação da Globo deve ser exposta
publicamente, porque é uma empresa que sempre viveu de recursos
públicos, é uma concessão pública, e se tornou um império midiático e
financeiro após apoiar um golpe político que derrubou um governo eleito –
uma ação pública, portanto.
Esperamos que a Polícia Federal cumpra sua função democrática de
zelar pelo interesse público nacional.
E esperamos também que as
Comissões da Verdade passem a investigar com mais profundidade a
participação das empresas de mídia nas atrocidades políticas que o
Brasil testemunhou durante e depois do golpe de 64.
Até porque sabemos
que a Globo continuou a praticar golpes midiáticos mesmo após a
redemocratização, recusando-se a dar visilidade (e mentindo e
distorcendo) às passeatas em prol de eleições diretas, manipulando
debates presidenciais e, mais recentemente, tentando chancelar a farsa
de um candidato (o episódio da bolinha de papel).
O Brasil se cansou de ser enganado e, mais ainda, cansou de dar
dinheiro àquele que o engana.
Se a Globo cometeu um grave crime contra o
fisco, como é possível que continue recebendo bilhões em recursos
públicos?
Mais Informações Blog O Cafezinho.