quarta-feira, 8 de maio de 2013

Da fala de Lula a aliança entre PT e PSD


Entre as declarações do ex-presidente Lula que fazem parte de uma entrevista que deu em fevereiro deste ano ao sociólogo Emir Sader e a um pesquisador argentino, Pablo Gentili, para o livro “10 Anos de Governo Pós-Neoliberal no Brasil – Lula e Dilma”, que estará nas livrarias do país ainda este mês, achamos que esta merece um comentário particular:
“Você pode fazer o jogo político, aliança política, coalizão política, mas não precisa estabelecer uma relação promíscua para fazer política (…) O PT precisa voltar urgentemente a ter isso como tarefa dele.” (reproduzida por www1.folha.uol.com.br)
Aceitando o convite de Lula à reflexão, questionamos: pode mesmo?
No dia de hoje, no qual a presidente Dilma anuncia o vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingues, do PSD de Kassab, como Ministro de seu governo – o que significa também um acordo de aliança eleitoral com este partido em nível nacional e nos Estados em 2014 – vejamos até onde a frase de Lula faz sentido.
É possível não imaginar uma promiscuidade política numa aliança entre o PT e o PSD de Jorge Bornhausen, quando o próprio Lula em 2010, num comício realizado em Joinville pela candidatura de Ideli Salvatti ao governo de SC, declarou, com razão, para milhares de pessoas:
“Nós já aprendemos demais e sabemos que os Bornhausen não podem vir disfarçados de carneiros, porque já sabemos quem são os Bornhausen, já conhecemos as histórias deles”.
É possível não encontrar algo de promíscuo numa aliança entre um partido como o PT, que nasceu e sempre atuou em defesa da reforma agrária, e uma sigla comandada pela ruralista Kátia Abreu?
No Paraná, a cúpula do PT já fala em transformar o Deputado Eduardo Schiarra, do PSD da base de Beto Richa, em candidato a vice-governador na provável chapa de Gleisi ao governo do Estado. O mesmo Schiarra que, entre outras coisas, votou contra a destinação de 100% dos royalties do pré-sal para a educação.
Como se vê Lula erra ao desconsiderar que certas coalizões – como as que vêm sendo feitas – são inexoravelmente promíscuas.
A prosperidade da aliança com o PSD, por exemplo, vai exigir do próprio Lula que retifique sua declaração pública, feita em Joinville, e passe a mimetizar Jorge Bornhausen em um vistoso carneiro.
Os petistas não devem ficar indiferentes a esta situação, que ameaça desfigurar o partido. (Blog André Machado).

0 comentários:

Postar um comentário